sexta-feira, 16 de setembro de 2011

B

“Não reconheço Bolaño em nada disso.”

Já havíamos passado 14 dias de conversas esparsas , por correspondência até a primeira reunião, ocorrido exatamente no Condado Soteropolitano. Nunca soube de como pude chegar até este ponto e, ainda menos como é que ocorreu de uma reunião deste porte tenha chegado a termo entre particulares. Qual o dinheiro, ou se todos teriam gasto duas economias razas como eu. Não saberia descrever muito bem a cena porque, à parte minhas limitações legíveis como escritor, há uma peculiaridade nas prédicas de assembléia que já fazíamos nos últimos anos. Máscaras planas, variáveis, por nomes que nunca perduravam mais que dois ou três meses. Pessoas que se apresentam sempre de costas, outras utilizando letras esparsas mais ou menos aleatórias, mais ou menos dispostas como código para o nome próprio - como T.. Tudo difuso para que não fôssemos ninguém. Não em geral, nem em particular. Em um bar enquadrado sutil e lentamente fora, AMPereira deitou-se num sofá – divã? espreguiçadeira? - ao fundo da mesa, abriu seu 2666, e nós, outros nos sentamos onde fora possível, sem que fôssemos apresentados formalmente “que é pra não quebrar o clima”, Lei da Ordem da Prosa. Não foi necessário nada além do recoste para calar os demais. Num espanhol terrível, com sotaque em nada soteropolitano, leu:

Un oasis de horror en medio de
un desierto de aburrimiento
.
-do que seguiu dizendo-
o negócio aí pra mim é o "oasis de horror", que se aplica bem à vida dos literatos, a Sta Teresa (Kelvin, aqui presente – aponta - escreveu sobre essa epígrafe) - acho que é boa, funciona bem, ancora o livro em um negócio que pode torná-lo comentário da modernidade, ou do gênero romance na modernidade - enfim, tem rendimento isso aqui.”

O silêncio que seguiu me foi desconfortável. Imaginei que teria sido para mais alguém, mas a sensação desmentiu a antecipação. Os demais voltaram ao movimento ordinário, e, ainda que silenciosamente, para outros afazeres, mantendo os olhos voltados para a figura espreguiçada no sofá. Sentei-me ainda mais encolhido, arrastando a cadeira para os fundos de ainda não sei onde, aos poucos. AMPereira virou uma página com desleixo após umedecer as pontas dos dedos com a língua sorrindo, o que curvava sutilmente seu bigode fino e apertava os cantos dos olhos. Mandarim?
“Uma balela o lance do valor artístico ou do desejo do autor: acho que a parte dos crimes, por exemplo, não funciona solo do mesmo jeito que a dos críticos funciona; esse livro impressiona também por sua força enquanto projeto de romance: não funciona do mesmo jeito como cinco romancinhos: é porque ficamos sanduichados entre os críticos e o Von Archimboldi que o negócio se sustenta. Acho muito ridículo esse paratexto cerimonioso - mas isso deve vender livro. Enfatizo isso apenas porque creio que, apesar da fúria dos mercadores em torno de B, o livro é bom.” E Bolaño, imagino, havia se transformado em B. Quase perco o fio da meada e abri o livro esquartejado que portava, momento quando percebo os grossos volumes dispostos à solta pelo ambiente. Versões e edições diversas do mesmo (?) 2666 que eu dispunha, trazidos por cada um dos presentes, livros de diversos tamanhos: alguns excediam as mil páginas. Outros, pareciam ter pouco mais que o dobro daquilo que eu portava. Alguns, todavia, traziam a marca homogênea de não somente serem nitidamente a mesma edição, como traziam na borda das páginas a mancha escura e desagradável de um livro eternamente já manuseado. Eu seguia perdido entre 10 páginas, procurando saber do que é que AMPereira falava, onde se encontrava o momento em que o valor artístico do desejo do autor se tramava, se falávamos de Bolaño ou de Archimboldi. Ruiva e imperativa, T. bateu seu copo, com cautela à mesa e, ao tomar meu exemplar pequeno, mostrou-me a Nota dos Herdeiros do Autor, onde se encontra manifesto o desejo de Bolaño de que o caudaloso de narrativas que os outros portam fossem publicados, por fim, em cinco livros correspondentes às partes do romance. Ali, naquele momento, percebi que os desejos do autor estariam enterrados com ele pois, no elogio da integridade romance lido em bloco que eu mesmo não sabia ser qual era, portava uma sorte de divisão ainda mais acirrada e incompatível com a variedade de volumes que eu assistia. O livro poderia ser dividido em algo muito menor; faríamos uma leitura eleata.








Ou, faríamos uma leitura eleata?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Do Condado Soteropolitano

A água refratava o barulho das vozes e risos, dando a impressão de que o som vinha do alto.” (John Cheever – O nadador)

Deu uma última braçada, meio esbaforido, outro tanto culpado por ter roubado os parcos 200 metros de treino de borboleta diários. Nadar como exercício literário nunca convenceu ninguém salvo dois ou três convivas, gente com quem se corresponde à distância. Salvar o miocárdio não seria o suficiente e melhor mesmo seria estender um conto de John Cheever até o ponto em que nadar soaria autobiográfico. Nem tanto, e biografia como exercício paleontológico há anos havia cedido espaço para a ficção ambígua que cita livros inexistentes como se estivessem na sua biblioteca. No caso, até tinha os livros. Não tinha era a natação. Expirou líquido e desajeitado, e alavancou a saída da piscina, atento ao fato de que espalhou um jogo desastrado por uma paisagem grande demais para que qualquer plano mais meticuloso e calculado pudesse dar certo. Para que desse certo seria preciso conspirar contra. Decididamente. Não fazer errado, mas agir corretamente com vistas em impedir o exercício do acordo que, todavia ele mesmo havia proposto. De preferência, agir com raiva onde, em qualquer outro momento só pudesse haver carinho.

Sugeriu 10 páginas imaginando que nunca, ninguém aceitaria um jogo desses. Até porque, ninguém lê 10 páginas e redige uma crítica qualquer, ainda que fosse ruim. Já antevia mil e uma formas de reclamação, pedidos de dilatação de tempo e espaço, e mesmo desculpas como a de que 10 páginas seriam muito poucas páginas, não o suficiente para lembrar; de ler. Disso seguiu a proposta missiva: aos domingos. Começaríamos no louvor secreto do dia 11 de setembro, que continha muitos dias em seu amplexo e que, ainda que os olhos se voltem para Nova York ou Santiago do Chile, sugeria muito mais chegando, inclusive às variações nilotas da vida religiosa. O que esperava era operar pelo dissenso que havia nutrido por anos, delicadamente, esperando que a têmpera dos envolvidos na crítica espontânea, que ele mesmo havia orquestrado a precipitação, conduzisse os trabalhos de forma centrípeta. De alguma forma, seria 2666.

O 11 de setembro é uma data sintomática, mas não é ela que importa. Não para participar das regras de jogo. O que é imperativo é o imperativo da Lei, fazer nascer o esforço em uma data envolvente, nebulosa e disponível para o afastamento de todos os demais que, pelo nojo do clichet, evitariam comemorar. O que importa, de outra forma é talhar a Lei, e fazê-la cumprir durante o tempo de Osíris, que não somente havia imposto aos humanos a lei primeira, como espalhou em palha o dom que era, ao mesmo tempo, esforço e trabalho: o fogo. Daí a cocção e a siderúrgica; recuar ao mais longevo, mirar nos deuses, aceitar sua ascendência e envergar os demais mortais como bestas selvagens fazendo surgir um império do mesmo desleixo que o fizeram os deuses ao permitirem-nos o fogo. A idéia grandiloqüente o fez sorrir ao mesmo tempo em que já tramava contra ela mesma. Deveria atentar contra a mesma seguindo-a à risca. Faria como o fogo. Espalharia a mesma lei: 10 páginas. Ofereceria a benesse diferentemente, como o faz o fogo que nem sempre segue o vento, nem sempre atinge a fogueira necessária. Seria 2666. Mas desigual. Para uns, as dez páginas seriam lei. Para outros, o que teriam para se aquecer. Para esses também sobrariam os boatos.

“Recebeu?”

terça-feira, 13 de setembro de 2011

No palácio real

Convém então destilar a arrogância. Não para me jactar dela, mas destilá-la, purificá-la, apresentá-la em sua forma ébria e descontrolada. Isso porque aceito convites, engrosso o caldo e pratico jogos de improviso – jogos com regras a serem escritas; jogos que não conheciam o jogador que sou até a hora derradeira. Como personagem de uma fábula simbolista, aparecer como um mendigo em meio ao mais suntuoso palácio real para destilar algo que só posso ver da minha cegueira. Dizer ao rei que yo sé que no sé nada. Y puedo conjeturar. Así, es posible que quienes te parecen bufones lloren bajo sus máscaras; y es posible que quienes a tu juicio son sacerdotes tengan su verdadero rostro torcido por la alegría de engañarte; de igual modo, ignoras si las mejillas de tus mujeres no son color de ceniza bajo la seda. Y tú mismo, rey de la máscara de oro, ¿quién sabe si no eres horrible a pesar de tu adorno?

“Chegou o Bolaño?”. O pacote, até onde poderia lembrar veio intacto. O livro de Bolaño, não. Somente as dez primeiras páginas e a capa, sem contracapa, mais a primeira orelha que encerra seu texto ao informar do retumbante sucesso que o romance teve nos Estados Unidos e na Europa – o que já havia ficado claro para mim quando Tetro, personagem do melodrama recente de Francis Ford Coppola o lia com algum gosto. Acho. “AM... Seguinte. 10 páginas. Só tem aqui dez páginas. Destroçaram o livro.”. Disso seguiu a explicação curta de que era o que cabia ser lido e que leríamos 10 páginas por vez. Lentamente e que faríamos a exegese do livro assim. Publicaríamos nesse passo. E eu, que nada sei sobre Bolaño, aceitei. Com vistas em me transformar no mendigo da história de Marcel Schwob da minha edição surrada e argentina.






"Leremos? Quem, leremos?" do que seguiu um "peraí! ligo depois" apressado de AMPereira. Tomei o ramalhete de páginas uma vez mais e comecei a ler. Pareceu-me que, na reunião dos críticos por telefone, iríamos fazer algo semelhante e deixar-nos escorrer pela figura de Roberto Bolaño, que só sei de sua magreza, seus cigarros e sua insuficiência hepática mortal.

Bolaño aos poucos

“Recebeu?” – me pergunta AMPereira, por telefone. “Como?”. “O pacote. Chegou?”. Fazia 3 dias. Na verdade, 6 meses. Em geral acumulamos dívidas que nós mesmos criamos, AMPereira e eu. Os rompantes de generosidade que temos só se torna efetivo quando sedimentado. Debaixo de minha escrivaninha – que é, na verdade, uma mesa de jantar cujas medidas respeita um alojamento universitário – cumprem o papel de uma pequena camada sedimentar dois volumes publicados pelo instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Idênticos. Os mesmos. Coletânea de artigos sobre narrativas de vida, organizada por Maria Suely Kofes cuja persona, amalgamada com a de Mariza Correia fora encarnada por Regina Casé nos tempos de TVPirata, no quadro Piada em Debate. Os dois volumes repousam silenciosos, servindo de superfície para sedimentação, da mesma forma que sedimentam o chão de onde agora escrevo. Estão lá, minha generosidade estancada. AMPereira não é diferente. Até onde sei, seleciona algumas coisas que, abrigadas consigo, eu desejo tê-las comigo. Alucina, me escreve e faz a oferta. Aceito. Separa, guarda, sedimenta. Mas enfim, e mais uma vez, o pacote chegou.

Suspirei quando folheei pela primeira vez uma edição de Naven de Gregory Bateson que não somente porta meu nome, como também uma dedicatória que repete um gracejo feito um ano antes:

O Refrator, se pudesse,/ dizia não à respiração// Mas, como não há jeito,/ de cara azeda, ele prescinde do limão// E dá a língua pro Bourdieu,/ as costas pro nosso passado anão// Come farinha de Euclydes El Corno com Machado/, deixaria até Drummond morrer sem pão// Das chamas do apocalipse só salvaria/ Sua mulher, dois amigos, Vian, Django, um cão.

Sempre ri dos versos que, mesmo odiando, por ventura escreve. E pensando mais um tanto, sobre a desgraça da qual rio que narra os meus dois amigos – que nunca sei qual dos três citados é; Vian, Django ou Kuroguma; ou se são outros dois, o que indifere, pois são poucos -, passo ao segundo volume; o Traité du droit commerciel apliquée aux sujets et produits de la chimie au XIXè siècle, de Theodore Roszencrantz. Grosso, velho, ríspido como um tratado de direito deve ser. Úmidos, cerrei os olhos de leve e ao abri-los, retirei o Roszencrantz do pacote. Os dois livros há tanto prometidos estavam em minhas mãos. Joguei o pacote fora – ou quase. Ao cerrar o punho, o pacote resistiu a ser amassado. Abri-o mais uma vez. Um pequeno ramalhete de páginas ainda residia ao fundo jazendo como promessa não feita, ou ao menos uma promessa íntima que AM havia feito somente a si mesmo, se tanto. Pelo visto, uma promessa pequena que ele mesmo pouco chegou a entender. Rasgado, como fundo do pacote, a capa, a folha de rosto, a ficha catalográfica e as primeiras 26 páginas de 2666. “Chegou o Bolaño?”.

domingo, 11 de setembro de 2011

Significado e Significante em Archimboldi: 2666

Dobrar e desdobrar. Multiplicar por 2 e desfazer o esforço com um novo esforço, aquele que busca recuperar o plano liso, mas não consegue apagar o vinco da superfície. Dobrar, no final das contas em nada implica em aumento, em dizer que há algo mais. Dobrar pode simplesmente partir de uma redução. Um quadrado de papel, quando rasgado ao meio num corte diagonal, se transforma em 2 triângulos. Era um, transformou-se em dois. Desdobrar é tarefa mais difícil, pois nem sempre conta com a possibilidade de algum raciocínio espúrio que permite, ainda que por um momento de desatenção, dizer que cortar um quadrado e fazer dois triângulos é, de alguma forma, dobrar. Desdobrar implica não só em desfazer a forma vincada – ainda que sem perder o vinco; atento ao momento do corte, que deve ser evitado -, mas em desdobrar-se em esforço do tipo que se aplica ao irmão do filho pródigo, sempre multitarefa.




A tarefa do significante e do significado trilha este tipo de equívoco em que a dobra sugere falácia e a desdobra permite o esforço. É mais ou menos assim que, na simulação da relação impetuosa entre a ficção e a filologia, que a semiologia parece encontrar espaço. Algum espaço. Um espaço pequeno e cada vez menor e, numa dobra constante que deforma a superfície até vira ser um poliedro maciço, cada vez mais confortável. Isto porque faz um implicar no outro, cuja atividade crítica de desfazer se torna cada vez mais cansativa e dispendiosa. E a cada palavra escrita aqui, entenda-se: dobra que, na verdade é também sinônimo de desdobrar.




2666




Às vezes era Liz Norton que ligava para Espinoza e perguntava por Morini, com quem havia falado no dia anterior e que havia achado um pouco deprimido. Nesse mesmo dia Espinoza telefonava a Pelletier e lhe informava que segundo Norton a saúde de Morini havia piorado, ao que Pelletier respondia ligando imediatamente para Morini, lhe perguntando sem rodeios por seu estado de saúde, rindo com ele (pois Morini procurava não falar nunca a sério sobre esse tema), trocando algum detalhe sem importância sobre o trabalho, para depois telefonar à inglesa, à meia-noite, por exemplo, após retardar o prazer do telefonema com um jantar frugal e gostoso, e lhe assegurar que Morini, dentro do que se podia esperar, estava bem, normal, estável, e que aquilo que Norton havia tomado por depressão não era mais que o estado natural do italiano, sensível às mudanças climáticas (talvez em Turim fizesse um dia feio, talvez Morini naquela noite houvesse sonhado vá saber que tipo de sonho horrível), encerrando de tal maneira um ciclo que no dia seguinte ou dois dias depois tornava a recomeçar com um telefonema de Morini a Espinoza, sem pretexto algum, um telefonema para cumprimentá-lo, simplesmente, um telefonema para falar um pouquinho e que se consumia, indefectivelmente, em coisas sem importância, observações sobre o tempo (como se Morini e o próprio Espinoza estivessem se apropriando de alguns dos costumes dialógicos britânicos), recomendações de filmes, comentários desapaixonados sobre livros recentes, enfim, uma conversa telefônica mais para soporífera ou pelo menos desanimada, mas que Espinoza escutava com insólito entusiasmo ou com carinho, de qualquer modo com civilizado interesse, e que Morini estendia como se nela jogasse sua vida e a que se seguia, ao cabo de dois dias ou de algumas horas, um telefonema mais ou menos nos mesmos termos que Espinoza dava a Norton, e que esta dava a Pelletier, e que este retribuía a Morini, para voltar a recomeçar, dias depois, transmutado num código hiperespecializado, significado e significante em Archimboldi, texto, subtexto e paratexto, reconquista da territorialidade verbal e corporal nas páginas finais de Bitzius, que no caso era o mesmo que falar de cinema ou dos problemas do departamento de alemão ou das nuvens que passavam incessantes, da manhã à noite, pelas respectivas cidades de cada um.” (2666;25-26, tradução de Eduardo Brandão)




Nunca havia lido muito de Roberto Bolaño. Com isso quero dizer que nunca li mais que as 35 primeiras páginas de Nocturno de Chile, pela edição da Anagrama. Não sei o que fazer em sua presença ou, para os mais céticos, ao lê-lo. No entanto, devo fazê-lo. Assumi a responsabilidade de fazê-lo mediante a correspondência que mantenho com outros tantos envolvidos na decodificação e invenção do código literário que, sabedores do que fez o chileno Bolaño, me deixam na situação peculiar de saber tanto sobre Bolaño quanto sei de Benno von Archimboldi, autor de D´Arsonval, O jardim, A máscara de couro, O tesouro de Mitzi, Bifurcaria bifurcata, Rios da Europa, A perfeição ferroviária, O bas-fond de Berlim, Leteia e Bitzius. Aos meus olhos, envolto por tudo aquilo que posso lembrar, esses romances que desconheço a existência senão entre a capa e a contracapa de 2666 têm o mesmo valor que Amuleto, Os detetives selvagens, Estrela distante, A pista de gelo e Putas Assassinas. São expressões postas em itálico cujo sentido, afora o de oferecer um título a romances ou livros que podem ou não servir para a compreensão de algo – ainda que ficcionais -, não me dizem nada ou muito pouco. Dão liberdade demais a quem deveria estar enclausurado. Archimboldi e Bolaño para mim equivalem quase que completamente. Quase. Não perfazem, os dois, uma dobra. Pelo visto, o esforço de Bolaño se desdobra em Archimboldi, mas não estou seguro. Por isso me envolvo num esforço de correspondência ao mesmo tempo em que faço a tocaia a Archimboldi, a Bolaño, segundo as exigências que 2666 me fará, novato desvendando algo que não sei o que é. Seguir Archimboldi será, de uma outra forma, perseguir um Roberto Bolaño que responsabilizarei pelo que eu encontrar – sendo Bolaño quem for, ainda que Archimbaldi.




(aguardo o telefone tocar de Salvador)